Microcistinas

A eutrofização da superfície da água aumentou significativamente durante a década passada, resultando numa ocorrência aumentada de “blooms” tóxicos. As cianotoxinas têm-se tornado numa ameaça global para a saúde do Homem, bem como dos animais selvagens e domésticos. As cianotoxinas mais commumente encontradas são as microcistinas hepatotóxicas, que se podem acumular em organismos aquáticos e são transmitidas para níveis tróficos superiores. [18]

As microcistinas são toxinas naturais produzidas por cianobactérias. Estruturalmente são heptapéptidos monocíclicos com um aminoácido específico, ADDA (3-amino-9-methoxy-2,6,8-trimethyl-10-phenyldeca-4,6-dienoic acid) e dois aminoácidos variáveis. Estão associadas às algas e constituem um perigo para os animais domésticos e selvagens, assim como para os humanos que contactam com água contaminada. Depois de ingeridas são intensamente absorvidas por peixes, pássaros e mamíferos.  Há um número elevado destas toxinas, algumas das quais são hepatotóxicas. São extremamente estáveis e resistentes à temperatura, hidrólise química e oxidação. Embora possam ser quebradas por proteases bacterianas, na maioria dos casos estas não estão presentes, pelo que as microcistinas permanecem intactas nas águas.

De entre todas as variantes de microcistinas (LR, LA, RR e YR), a microcistina-LR (MC-LR), com leucina e arginina, é a mais frequente e a mais tóxica, apresentando uma LD50 de 50μg/Kg de peso corporal, em ratinhos expostos intraperitonialmente. Causa lesão nos hepatócitos e nas células endoteliais. Do ponto de vista do tratamento das águas, as microcistinas possuem 3 áreas sujeitas a oxidação: a ligação dupla conjugada na metade de ADDA (aminoácido único das microcistinas); a ligação dupla na metade MDHA; e ainda a cadeia lateral que varia consoante os aminoácidos. Destes aminoácidos variantes, apenas as cadeias da arginina e a tirosina são potencialmente vulneráveis à oxidação.

Se as microcistinas forem ingeridas através de água contaminada serão transportadas pelos transportadores de aniões orgânicos (OAT)  e, por conseguinte, concentradas no fígado. A estrutura das microcistinas permite a associação às fosfatases, como PP-1, PP-2A e PP-2B através de interacções iónicas e hidrofóbicas. [1]

Estrutura da microcistina LR (L-arginina e L-leucina são aminoácidos variáveis). Denote-se a presença de um carbono electrofílico [1]
Esta entrada foi publicada em Uncategorized. ligação permanente.

Deixe um comentário